Ajuda mutua






        “Quem quiser, pois, salvar a sua vida perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por minha causa e pelo evangelho salvá-la-á” Marcos 8.35

        Conta-se que em uma cidade muito fria e montanhosa, numa região quase deserta, caminhavam dois amigos, à noite, no extremo frio, ambos já bem debilitados e quase sem forças e sem tempo para chegar até uma hospedaria, lutavam o quanto possível contra os fortes golpes do vento gelado e da intensa tempestade que enfrentavam.

        Em certa altura da caminhada, foram surpreendidos com uma criança caída e desmaiada a beira da estrada, ao sabor do vento e da tempestade. Um deles fixou os olhos naquela surpreendente cena e nervoso apressou-se, e quase sem deter a caminhada disse:

        “Não podemos perder tempo, a nossa situação é muito difícil e exige que nos apressemos para chegar no abrigo para salvar nossas vidas, precisamos cuidar de nós mesmos, vamos seguir em frente”.

        Ao que seu companheiro, se detendo na caminhada, respondeu: “Precisamos salvar este pequenino, não podemos deixá-lo morrer aqui sozinho”.

        “Não posso, disse o companheiro endurecido, sinto-me cansado e fraco. Este menino já deve estar quase morto, além disso, seria um peso insuportável para carregar, precisamos chegar à hospedaria logo ou vamos morrer nós também, não dá para perder nem um minuto.”

        E assim ele avançou em largas passadas, querendo salvar-se, mas seu companheiro ao contrário, parou, inclinou-se sobre o menino estendido no chão, e envolvendo-o em seus braços o colocou carinhosamente junto ao peito, demorando-se alguns minutos, e aconchegando-o ainda mais, seguiu adiante, embora muito mais lentamente do que antes devido ao peso que agora carregava.

        A chuva gelada caia noite adentro, o vento frio soprava, mas ele seguia segurando contra o peito o valioso fardo que agora carregava. Depois de muito tempo caminhando, conseguiu chegar à hospedaria do distante povoado, e com enorme surpresa, porém, não encontrou lá o seu companheiro que havia seguido na frente.

        Somente no dia seguinte, depois de muita procura, é que foi encontrado o corpo do viajante, já sem vida, caído numa vala a beira do caminho. Aquele homem, com toda a pressa para salvar-se, acabou escorregando e caiu numa vala a beira do caminho, e como estava só, não houve quem o ajudasse, e ferido não conseguiu se levantar sozinho e assim sucumbiu ao frio, não resistiu e faleceu.

        Enquanto isso, seu companheiro aquecia e recebia em troca o suave calor da criança que sustentava junto ao peito, e assim conseguiu superar os obstáculos da noite fria, salvando assim a criança e a si mesmo.

        Essa história nos ensina que, às vezes, o valor da vida está em preservar a vida do próximo, em auxiliar os mais frágeis. Aquele homem aprendeu que ao parar para ajudar aquele menino abandonado, ajudou a si mesmo, e que perdendo um pouco de tempo deixando de pensar apenas em si, pode salvar a vida de alguém, salvando também a si mesmo.

        Às vezes pode parecer um sacrifício muito grande, deter a nossa caminhada para ser útil a outra pessoa, mas Jesus nos ensina que, aquele que quiser salvar a sua própria vida, deve estar disposto a perdê-la, o que significa que, uma vez em Cristo, nossa preocupação já não é mais fazer apenas aquilo que nos beneficia ou satisfaz as nossas próprias necessidades, mas agora vivemos segundo a vontade e o amor de Deus, e a sua vontade, o seu amor, nos faz amar a vida do próximo como amamos a nossa própria.

        A pressa e a vontade de nos salvarmos, pode nos levar ao egoísmo, e o egoísmo pode nos matar. Mas a vontade de Deus é que sejamos guiados por amor e que esse amor nos aqueça e nos faça aquecer a outros.

        Nossa oração é para que sejamos salvos, mas que também sejamos instrumentos de Deus para a salvação de outros tantos caídos a beira do caminho. Nosso desejo é que estejamos dispostos a nos arriscar, se assim for preciso, para salvar a vida de outros. Esse caminho pode ser duro, os obstáculos e os percalços ao longo do caminho podem ser difíceis, e as possíveis quedas podem fazer com que a caminhada seja mais longa, mas quando estamos acompanhados e aconchegados nos braços de Deus e juntos, uns com os outros, somos capazes de suportar as maiores tempestades da vida.

Que Deus assim nos abençoe!

Pr Wellington L Silva

 

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